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Pensando numa escrita para Dani...

Para Daniela Viana

Pensando numa escrita para Dani, veio-me no pensamento alguns ritmos da dança, como: valsa, tango, samba, sapateado e dança de rua.

A valsa no seu sentido primeiro ‘dar voltas’, representa muito bem a trajetória da pesquisa pela qual Dani se debruçou esse tempo todo. Ela bailava entre uma palavra e outra, entre uma pista e outra, dando voltas para lá e para cá, a procura de algo que nem ela mesma sabia!

Dançar com as palavras em meio a experiência não é algo que se faz no dia a dia...é preciso concentração, foco, dedicação, sensibilidade, e, sobretudo, generosidade! É preciso um exercício constante de escuta e olhar atento...é preciso desprender-se para encontrar-se!

Em melodia suave e circular a valsa de Dani transcendia aos sons, penetrando na alma pelo avesso do seu corpo dançante, e, dos outros pesquisadores, das professoras, dos coordenadores e, em especial, daquelas crianças!

Ah! As crianças, que ora dançavam rápidas e impetuosas, ora, devagar e solenes...dançavam com o ritmo da valsa, pulsantes em momentos de plena alegria!

E Dani continuava a bailar... Agora ao som do tango! Sentimentos mesclados de amor, paixão e sedução pela pesquisa! Pesquisa e tango, sentimento bailado, banhado de um pensamento triste e incerto em seus passos ritmados e flutuantes, e, por assim dizer...escaldantes de plena energia!

A pesquisa nos passos do tango, por certo teve seus espaços no drama, na paixão, na tristeza e na vontade de continuar andarilhando por caminhos nebulosos, inquietantes... coisas de pesquisa ou coisas de vida?

No tango, corpos se entrelaçam, diálogos surgem e a sedução pelo desconhecido torna-se totalmente necessária! É o acontecimento que surge sorrateiramente entre um grupo de pesquisadores (Daniela, Mirtes, Karinna e Jorge)! No acontecimento, a experiência da amizade, do confronto, das diferenças e das decisões!

Dani decidiu pelo percurso compartilhado, repleto de surpresas, de esperas, de um tango que ora circula, ora se afasta, ora se enrola em outros corpos e mentes, ora se acalma, ora se agita, ora ritmo feroz, ora descanso tardio....

E quando Dani pensava chegar ao fim da caminhada, o samba invade, sem pedir licença, em sua vida dançante! Dançar num pé só, dançar sacudidamente, dançar com o coração saltitando, eis seu novo desafio!

Dançar a pesquisa livremente, mesmo num espaço acadêmico é dançar para si própria e com aqueles que aceitam participar dessa dança! E muitos aceitaram, não é Dani? Os mais arrojados, mas, também os mais tímidos, os mais tradicionais, os mais assustados, os mais…Não importa quem são e o que são os mais...importa que dançaram a dança da Daniela, da Mirtes, da Karinna, do Jorge e de tantos outros que virão! Nos rituais de uma pesquisa, estão também os ruídos, que podem estar nos sapatos em contato com o chão, fazendo do pesquisador um instrumento de percussão! Sapateando em pesquisa, Dani cria seus próprios movimentos... dançantes, alegres, libertando completamente seus pés de qualquer amarra. Aqui os pés cantam, olham, escutam e rodopiam em ruídos pulsantes, entrosados e unidos pelo prazer da pesquisa com vida, vivaz!

Os movimentos vibrantes ganham espaços cada vez mais intensos na pesquisa de Dani! Sequencias rítmicas, improvisações, dúvidas e certezas nesse universo inusitado, por assim dizer... Corpos, ora pesados, ora completamente leves, carregam passos de pés que buscam o chão, chão de estrelas, seria?

Esses passos levam Dani para a dança da vida! A dança de rua... E qual o seu significado/sentido na pesquisa de Dani? Talvez, esse conjunto de danças com movimentos criados, possam expressar o que dizem o corpo de um pesquisador...Movimentos harmônicos e sincronizados de pernas, braços, cabeça, ombros e mente, exalam musicalidade! Seus ritmos fortes e energéticos em saltos e batidas fortes, marcam a mistura de linguagens, transcendendo espaço-tempo!

Assim foi a pesquisa de Dani! Iniciou com ritmos calmos e circulantes da valsa, passando pela turbulência do tango, a alegria e descontração do samba no pé, o ritmo acelerado do sapateado, chegando finalmente em sua casa – a dança de rua. Movimento de rebeldia em detrimento de uma pesquisa fechada, engessada e acabada! Dani faz a opção por um outro caminho de pesquisa, aquela que se mistura com a vida, carregando bons e maus momentos, acolhendo incertezas, dores, frustrações, sofrimentos e fragilidades, afinal aprendemos com tudo isso!

E finalizando, mas, sem chegar ao cais, digo que sou uma pessoa privilegiada, pois, aprendo todos os dias com as Danis que passam e que ficam em minha vida! Aprendo, sobretudo, com a vida, essa que não revela o acontecimento, nos deixando sempre em suspensão, pois um breve sopro pode mudar tudo! 


Silvia Sell Duarte Pillotto
Professora/pesquisadora no Mestrado em Educação/Univille
Joinville, 25 de fevereiro de 2016.

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