Nós em Nós
Quais relações são possíveis entre a Arte e a Educação
hoje? Adentrando no universo da obra de Franzoi na série “Nós em Nós”, talvez
possamos refletir sobre essa questão. O que a obra desse artista tem a dizer
sobre nós que ainda não sabemos? O que podemos aprender? Em que a obra pode nos
afetar? Por entre espaços curvilíneos e cilíndricos a obra nos provoca a
ressignificar nossas práticas educativas, nos impulsionando a um labirinto de
incertezas, mas, sobretudo de esperança! Na sua estrutura a obra é constituída
de tecidos, tramas e um vermelho mais que intenso... Febril! Trançados e
tramados circulam nos espaços a procura de algo ou de alguém? São formas que
atraem sorrateiramente o olhar curioso, tecidos constituindo nós. Ou seria
apenas a visão de texturas e cores dançando silenciosamente por entre lugares?
Formas/matéria espreguiçando-se, lânguidas em seus mais profundos sonhos e pesadelos...
Embrulhadas, sobrepostas, intrincadas e forjadas. E qual seria a conexão com a
educação? Identidades que convergem com a obra de Franzoi na sua imponência e
na sua transitoriedade, se contorcendo em movimentos leves e suaves, contrapondo-se
com um vermelho sangue, cedendo à ilusão transformadora. A Educação pode buscar na Arte um diálogo
profundo para compreender o sentido da vida, da existência e da efemeridade,
pois estamos diante de uma Arte e de uma Educação que não mais prevê
resultados. E se a Arte e a Educação podem contribuir para nossa constituição
enquanto ser humano não é porque nos oferece saídas... Ao contrário disso,
problematiza nossas relações com a realidade, provocando muito mais perguntas
do que respostas. O que sempre a obra de Franzoi nos provoca. Isso gera
inquietudes, rupturas, resistências, sonhos e realidades. Eternos companheiros
de uma caminhada sem fim... Estamos nós nesse emaranhado, atraídos pela imensa
vontade de aprender? No ato de agregar forças nos magnetismos existentes entre
a matéria, as pessoas e o seu entorno, buscamos conexões entre o que é visto,
sentido e aprendido? A Arte e a Educação podem ser aliadas nesse processo?
Talvez pela imensa fonte de energia que demanda da Arte e da Educação, pelo
mistério de enredos provisórios, silenciosos e encantadores. E em que podem nos
afetar? Colocando-nos diante de uma experiência que ultrapassa o nosso
entendimento, em que o ser se nega a vir à luz, e, ao negar-se, nos leva ao
encontro de nós mesmos e dos vestígios que o ser da Arte e da Educação marcam. Apropriando-se
do título da performance de Franzoi, talvez consigamos “Aprender a aprender...
aprender a desaprender... para finalmente aprender a Ser.”
Silvia Sell Duarte Pillotto
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